Oceano, as Águas Circulares

  Oceano é um dos doze titãs filho de Urano, o céu, e Gaia, a Terra, ele recusou-se a ficar ao lado de Cronos em sua revolta contra o pai Urano e permaneceu na periferia do mundo enquanto Cronos e seus outros irmãos atacavam o pai.
  Oceano em uma concepção helênica é o imenso rio que rodeia a Terra, as águas desconhecidas do Atlântico, do sul para o norte, suas águas alimentam com generosidade os riachos, o mar e todos os rios do universo. Oceano também controla o nascer e o pôr dos astros, o Sol, a Lua, e a Aurora levantam-se, no lado oriental e, atravessando o espaço, repartem sua luz com os homens e com os deuses. As estrelas, com exceção das constelações das Ursas e algumas estabelecidas próximas a elas, emergem do Oceano e lá se recolhem para adormecer e descansar no fim do dia.
  Nas margens do Oceano e em suas ilhas, encontram-se muitos lugares míticos, inclusive na parte ocidental da terra, banhada pelo Oceano, situa-se os Campos Elíseos. Bem como a localização dos Jardins das Hespérides, das Górgonas, de Ogígia e dos Hiperbóreos.
  Oceano se uniu a sua irmã titã Tétis, desta união foram originadas as ninfas dos mar ou Oceânidas, eram três mil ninfas que se transmutavam em novas formas, constantemente. As mais conhecidas são Urânia, Clímen, Europa, Calipso, Anfitrite, Métis e Dóris, todas personificando as qualidades do mar. Os rios, além de todos os seres marinhos, que tomavam parte ativa nas aventuras dos deuses, como os golfinhos, nasceram também de Oceano e Tétis.

Urano, o Céu

  Urano é o deus grego responsável pelo céu, foi gerado espontaneamente por Gaia, a Terra, e se tornou seu consorte, assim como o primeiro senhor supremo do universo e rei dos deuses. Os antigos gregos imaginavam o céu como uma cúpula de bronze sólida, adornada com estrelas, cujas bordas desciam para descansar no horizonte da terra plana.
  Urano é aquele que proporciona a chuva, o que fecunda a Terra (Gaia), ele aparecia todas as noites para cobri - lá. Desta forma gerou com Gaia os três Ciclopes Brontes, Trovão, Arges, Raios, e Estéropes, Relâmpago, e os três Hecatônquiros Briereu, o Vigoroso, Cato, o Furioso, e Giges, o Membrudo. Mas Urano detestou os filhos por ele gerados, então ele os aprisionou nas profundezas do Tártaro, nas entranhas da terra, causando uma dor insuportável a Gaia. Urano ainda pode gerar os doze Titãs, seis homens e seis mulheres.
  A deusa Gaia, que com isso sofria dores imensas, persuadiu cinco dos seis filhos a se rebelarem. Quatro deles se puseram como sentinelas nos quatro cantos do mundo, prontos para agarrar o pai quando este descesse para deitar-se sobre Gaia. O quinto, Cronos, colocou-se no centro e, armado com uma foice de sílex, forjada por Gaia. Ele emboscou seu pai, castrou-o enquanto seus irmãos Ceos, Crio, Hipérion e Jápeto o seguravam e lançou os testículos cortados ao mar.
  O sangue de urano caiu sobre a terra, produzindo as três Fúrias, que personificam a vingança, eram elas Tisífone, o Castigo, Megera, o Rancor, e Alecto, a implacável, e também os Gigantes Alcioneu, Athos, Clytias, Encélado, que é conhecido também como senhor do gelo, e Echion. A partir dos testículos lançados ao mar nasceu Afrodite, a deusa do amor.
  Após sua queda, Urano profetizou a derrota dos titãs e a punição que sofreriam por seus crimes, com a derrota de Urano seu filho mais jovem, o Titã Cronos, se tornou o mais novo senhor supremo do Universo.

Pontos, o Mar Primordial

  Pontos é a primeira divindade do mar, nasceu unicamente de Gaia, ele surge como uma força primordial das águas que cobrem a terra (Gaia). Pontos é o pai junto com Gaia, a terra, de várias divindades aquáticas, entre elas está Nereu, o velho mar, deus este que tem o dom da profecia e é geralmente concebido em obras de arte como um idoso, com algas representando seus cabelos e sua barba, segurando um tridente. Ainda com Gaia, Pontos gerou Taumante, deus dos perigos e mistérios do mar, Fórcis e Ceto, divindades marinhas que se uniram em matrimônio, e Euríbia, outra divindade marinha.

Óreas, Deuses - Montes

  Óreas são deuses primordiais, espíritos rústicos que personificam as montanhas. Cada montanha tinha seu próprio deus, ocasionalmente representado como um velho barbado erguendo-se entre seus picos íngremes. Óreas foram gerados unicamente por Gaia, a Terra, seus irmãos são Urano, o céu, e Pontos, o mar.

  Para os gregos antigos todas as suas principais montanhas eram personificadas por um dos Óreas. Com destaque para Athos, deus-monte da Trácia, Cíteron, deus-monte da Beócia que entrou em um concurso de canto com o vizinho monte Hélicon, Etna, deusa-monte do vulcão da Sicília, Niso, deus-monte da Beócia que cuidou do deus Dioniso na infância, Parnes, deus-monte entre a Beócia e a Ática, Tmolo, deus-monte da Lídia que foi juiz de um concurso musical entre Apolo e Mársias ou Apolo e Pã, e Olimpo, deus-monte da Tessália no norte da Grécia, lar dos deuses.

Gaia, a Deusa da Terra

  Gaia é a deusa primordial da Terra, “Grande Mãe” da maioria das divindades e dos mortais. Segundo Hesíodo, Gaia surge logo após Caos, juntamente com Eros, a atração amorosa, e Tártaro, o mundo inferior. Os gregos antigos acreditavam que a terra era um disco chato e redondo. E que os deuses haviam destinado a eles o centro, o coração da terra. Os juramentos em nome de Gaia, na Grécia antiga, eram considerados como os mais sagrados.

 Na Teogonia de Hesíodo, Gaia é capaz de gerar sozinha seres que possam cobri – lá inteiramente, são estes, Urano, o Céu, Pontos, o Mar, e Óreas, as montanhas,além de gerar com Tártaro, os monstros Tifão e Equidna. Os seres mortais, animais e vegetais, brotaram ou nasceram de sua carne terrosa.

Tártaro, o Mundo Inferior

O Tártaro é, ao lado de Caos, Gaia e Eros, um dos deuses primordiais do cosmos, ele é a personificação de um abismo úmido, frio e imerso na mais profunda escuridão proveniente do nevoeiro de Érebo, abaixo da Terra e muito aquém do inferno e do purgatório. O Tártaro é o lugar onde são aprisionados os inimigos dos deuses, os assassinos, os criminosos e todos aqueles que são penitenciados por um julgamento dos deuses.

Tártaro teve relações com Gaia, deusa da terra, e desta relação eles geraram as mais terríveis bestas da mitologia grega, entre elas o poderoso Tifão, um monstro gigantesco e horrendo, com cem cabeças de dragão (ou de serpente) que saem de suas coxas, e a terrível Equidna, um monstro com o rosto, o tronco e os braços de mulher e da cintura para baixo uma cauda robusta de serpente.

Segundo Hesíodo uma bigorna de bronze leva nove dias para cair do céu e atingir a terra e que ela irá cair por mais outros nove dias, da terra, até atingir o Tártaro. Para os antigos romanos, o Tártaro é o lugar para onde são enviados os pecadores. Virgílio (poeta romano) o descreve na Eneida como um lugar gigantesco, rodeado pelo rio de fogo Flegetonte, cercado por uma muralha tripla que impede a fuga dos pecadores com um portal protegido por colunas de Adamanto (um material metálico, duríssimo e indestrutível, usado apenas pelos deuses), guardado por uma hidra de 50 cabeças e que ele se estende sob a terra duas vezes mais longe do que a distância da terra dos vivos até a abóbada celeste.

Eros ou Cupido?

  Eros é o deus grego do amor, muitas vezes venerado também como deus da fertilidade, seu equivalente romano era Cupido, o desejo, também conhecido como amor. Em uma concepção grega, Eros é visto entre dois aspectos o de uma divindade primordial que encarna não só a força do amor, todavia também o impulso criativo da sempre florescente natureza, a Luz primogênita que é responsável pela criação e a ordem de todas as coisas no Cosmos.

 Na Teogonia de Hesíodo, Eros surgiu após o Caos primordial junto com Gaia, a Terra, e Tártaro, o mundo inferior. De acordo com a obra de Aristófanes As Aves, Eros brotou de um ovo posto por Nyx, à noite, que o havia concebido com Érebo, a escuridão. Em outra vertente, oriunda da obra O Banquete de Platão, Eros foi concebido por Poros, a abundância, e Penia, a pobreza, no aniversário de Afrodite, a beleza e o amor.